7 de dezembro de 2013

A CULPA É DAS ESTRELAS (JOHN GREEN)

FICHA TÉCNICA
ISBN: 9788580572261
Idioma: Português (Brasil)
Número de Páginas: 288
Intrinseca

ALGUNS INFINITOS SÃO MAIORES QUE OUTROS…

A Culpa é das Estrelas é um livro romance escrito pelo norte – americano John Green, lançado em janeiro de 2012 nos EUA pela editora E. P. Dutton e chegando ao Brasil em agosto de 2012 pela Editora Intrinseca.

Green afirmou em seu blog que o título é inspirado em uma famosa cena da peça Júlio César de Shakespeare. “O nobre Cassius diz a Brutus: "A culpa, caro Brutus, não é de nossas estrelas, mas de nós mesmos, que somos subordinados”.

*CONTÉM SPOILER*

A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex – jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer – a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.

Hazel Grace tem 16 anos e há pouco mais de três luta contra um câncer terminal que, apesar de encolhendo, não lhe dará mais que alguns anos de vida. Ela abandonou a escola há algum tempo e passa as tardes assistindo America’s Next Top Model, mas isso não quer dizer que ela seja totalmente infeliz. A verdade é que Hazel há muito tempo aceitou seu destino, e a única coisa que a deixa preocupada, magoada e, principalmente, culpada, é a forma como seus pais precisam encarar esse grande desafio.

As coisas começam a mudar em sua vida quando, por insistência da mãe, ela vai à reunião de um grupo de apoio para jovens com câncer. Não era sua primeira vez, claro. Já estava acostumada com o ambiente meio esquisito e o discurso otimista, mesmo para os que não tinham mais chances… Mas era a primeira vez de Augustus Waters, Gus.

Gus tem sua própria cota de sofrimento, tendo perdido uma perna por conta do câncer. Ele é amigo de Isaac, um menino cego com quem Hazel dividia suspiros irônicos durantes as reuniões, e acaba se aproximando da menina. E é claro que daí nasce um relacionamento bastante real, com aspectos dramáticos e muitos momentos românticos.

Uma das coisas que a menina mais ama na vida é um livro chamado Uma Aflição Imperial, que termina no meio de uma frase, deixando muitas questões em aberto. Fã incondicional do autor, Hazel sonha em descobrir o que aconteceu – só assim sua vida poderia seguir completa. Mas o autor nunca respondeu nenhuma de suas cartas. Com um empurrãozinho da doença, Gus e Hazel acabam em uma aventura para encontrar Peter Van Houten, o autor.

E essa é só uma das várias reviravoltas da história. Não é exagerado, mas acho que em alguns pontos é justamente o contrário, uma vez ou outra senti que faltou uma profundidade maior nos sentimentos, talvez culpa da narrativa, que é em primeira pessoa. Diferente da caricatura que poderíamos encontrar, achei os personagens muito bem construídos.

Hazel é forte, ou finge ser, preocupada com os outros mais do que consigo mesma, com um humor ácido e ótimas doses de ironia. Gus é inteligente e muito cativante, tornando as interações ainda mais bacanas. Sem contar o humor negro que permeia muitas partes da narrativa.

O livro me envolveu de uma forma despretensiosa. Não foi algo extremamente arrebatador, mas conseguiu mexer comigo não só pela situação que aqueles jovens viviam, mas pelas famílias e todos ao redor.

Assim como o livro que marcou a vida de Hazel, John Green parece deixar algumas coisas pela metade. Em alguns momentos, a discussão parece rasa demais, e o que poderia ser pano de fundo para um aprofundamento muito maior vira uma conversa sem direção, juvenil em excesso. O livro é fruto de uma fórmula ready – made (amor juvenil + câncer + metalinguagens literárias + frases de efeito) isto é um prato pronto para qualquer best – seller, mas isso sozinho não necessariamente é impedimento para que se escreva um livro sensacional.

Obviamente o livro tem diversos pontos positivos. A grande frase de efeito é: alguns infinitos são maiores que outros e isso realmente dá o que pensar durante a leitura. Os personagens são, de fato, muito peculiares, o que gera uma narrativa fluida. Até por isso, o livro tem uma leitura bem rápida, e parece que estamos acompanhando uma grande conversa entre os envolvidos.

No final, A Culpa é das Estrelas é um livro bom. Mesmo assim, não é a coisa mais perfeita do mundo como muita gente saiu gritando por aí. John Green escreve muito bem, e a narrativa é dessas que te fazem ler sem ver o tempo passar – até em um final inesperado e emocionante. Se você ainda não leu o livro, dê uma chance.

SEM DOR, NÃO PODERÍAMOS RECONHECER O PRAZER.

***RESENHA POR DHIEGO ALPIN***

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