25 de setembro de 2013

ILHA DO MEDO (DENNIS LEHANE)

FICHA TÉCNICA
ISBN: 9788535907209
Idioma: Português (Brasil)
Número de Páginas: 344
Companhia das Letras

Ilha do Medo é um suspense psicológico escrito pelo autor Dennis Lehane, publicado originalmente em 2003, chegou ao Brasil em 2005 sob a alcunha Paciente 67 publicado pela Companhia das Letras. Em 2010, uma segunda edição foi feita, desta vez Ilha do Medo foi lançada para aproveitar o sucesso da adaptação cinematográfica de Martin Scorsese, estrelada por Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo.


*CONTÉM SPOILER*

No verão de 1954, o xerife Teddy Daniels chega a Ilha Shutter com seu novo parceiro Chuck Aule. Eles deverão investigar a fuga de uma interna do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe, reservado a pacientes criminosos. E aqui é interessante fazer um adendo a bem trabalhada relação entre os dois xerifes. Teddy é o que já passou por tragédias na vida, cético, certeiro e direto em suas perguntas e austero, Chuck por outro lado é dono de uma ironia sarcástica premente. É o primeiro caso dos dois detetives juntos, mas a dupla funciona de forma instantânea, piadinhas e complementação de teoria. Percebe – se claramente que há um compartilhamento tácito de ideias entre os dois, mas tudo de forma bem natural, em nenhum momento parece forçado, já que a estranheza ao novo e o receio entre os fatos desconhecidos entre um e outro também está presente.

Sem deixar vestígios, a assassina Rachel Solando escapou descalça de um quarto vigiado e trancado à chave, mas deixou para trás mensagens codificadas. Os médicos, funcionários e enfermeiras da instituição não parecem dispostos a colaborar com a investigação. E as mentiras vêm diretamente do enigmático médico – chefe do hospital, o Dr. John Crawley. O desaparecimento de Rachel traz à tona uma série de suspeitas sobre o hospital: com suas cercas eletrificadas e guardas armados, talvez ele não seja apenas mais um sanatório para criminosos. Surgem rumores de que uma abordagem radical e violenta da psiquiatria seria lá praticada – as suspeitas incluem desde experimentos envolvendo drogas alucinógenas, práticas cirúrgicas pouco ortodoxas e cobaias humanas? Teddy passa a ter certeza de que alguma coisa errada está acontecendo naquela ilha. Enquanto isso, um furacão se aproxima, precipitando uma revolta entre os presos. Quanto mais perto da verdade Teddy e Chuck chegam, mais enganosa ela se torna.

Não há como negar que Dennis Lehane fulgura no rol dos mestres da ficção policial, seja nos livros co – estrelados pelos detetives Kenzie e Gennaro, ou nos fora da série como é o caso de Sobre Meninos e Lobos e Ilha do Medo. O autor consegue imprimir uma atmosfera tão sombria e sufocante em seus livros, com tramas de ritmos tão intensos, que até quando a fórmula utilizada pode ser considerada batida, ele consegue nos deixar ofegantes em muitos momentos e embasbacados em tantos outros.

Tratando – se de Ilha do Medo, quando você acha que chegou perto de desvendar um dos mistérios, outro de certa forma ligado aquele surge, e vamos mergulhando cada vez mais profundamente nos segredos da ilha Shutter. Este é aquele tipo de livro que você vira uma página após a outra morrendo de curiosidade sobre o que está por vir, e quando percebe já está quase chegando no fim, completamente admirado com o rumo que a história tomou.

Mas além dos dotes de Lehane para o desenvolvimento do mistério que é parte predominante da obra, há também o fato de ele ter criado personagens bastante carismáticos em Teddy e Chuck. A cumplicidade dos dois, o modo como trabalham bem em dupla, tudo isso é fundamental para o efeito do desfecho, que no final das contas é até um tanto melancólico. Há também o fato de que Lehane trabalha muito bem com a questão da loucura – do que é ser louco, quando se é louco.

Bem costurado, claustrofóbico e envolvente, o livro é dos tais que não conseguimos largar até chegar ao final e desvendar os segredos da ilha – prisão. O desfecho é inesperado e o clímax cresce ao longo das páginas, com eficiência precisa, como convém a um bom livro de mistérios e suspense. Se por um lado usa os clichês do gênero policial, por outro, transforma os lugares – comuns de forma criativa, numa demonstração de que podemos sim, ouvir a mesma história diversas vezes, desde que ela seja contada de maneiras diferentes e com um envolvimento que nos crie a ilusão de ser algo totalmente novo.


Este é provavelmente um dos melhores thrillers que tive a oportunidade de ler nos últimos tempos. Lehane tem o controle perfeito do suspense e tensão da narrativa, como se puxasse as cordas certas para criar no leitor não só o efeito essencial desse tipo de livro, mas também o de prende – lo à história tal e qual teia de aranha. lha do Medo trata – se realmente de uma história imperdível para os fãs do gênero.

***RESENHA POR DHIEGO ALPIN***

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